Bactéria BR4: A Transformação do Plástico em Bioplástico
- Gaia
- 10 de fev.
- 3 min de leitura
Imagine só: você está caminhando pela praia, curtindo aquele visual incrível, quando de repente tropeça em uma garrafa PET jogada na areia. Chato, né? Lixo trazido pelas ondas do mar ou largado por visitantes é algo mais comum do que deveria ser. Agora, e se eu te dissesse que cientistas brasileiros descobriram uma bactéria que pode dar um fim sustentável a esse lixo plástico? Parece coisa de ficção científica, mas está acontecendo, e bem aqui no nosso país.
Em janeiro de 2025, pesquisadores da Universidade de Sorocaba (Uniso), em parceria com a Unicamp e a UFABC, apresentaram ao mundo a BR4, uma linhagem da bactéria Pseudomonas sp. que não só devora o plástico PET, mas também o transforma em um bioplástico de alta qualidade chamado PHB (polihidroxibutirato).

A ciência por trás da magia
Esse estudo realizado no Brasil é um pioneirismo da bioquímica sustentável, não apenas nacional, mas em escala global. Os cientistas coletaram amostras de solo contaminado por plásticos e desenvolveram comunidades microbianas capazes de degradar materiais como o PET.
Entre essas comunidades, a BR4 se destacou por sua habilidade de decompor o PET e produzir o PHB, um biopolímero que pode ser utilizado na fabricação de embalagens sustentáveis e até em aplicações biomédicas.
A pesquisa revelou potencial promissor para comunidades microbianas capazes de converter plástico em bioplástico, ou seja, origem fóssil em biopolímeros. O estudo teve embasamento de 13 projetos apoiados pela FAPESP e diferentes tipos de plásticos estão sendo testados.
Por que isso é tão importante?
Segundo a ONU, a poluição por resíduos plásticos é o segundo maior problema ambiental, depois das mudanças climáticas. Atualmente, produzimos cerca de 350 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano, sendo que aproximadamente 40% disso são embalagens. Desse total, 46% vão para aterros sanitários, 17% são incinerados e apenas 15% são reciclados. E convenhamos, a reciclagem tradicional nem sempre resulta em materiais de boa qualidade.
O fato é que apenas 9% dos resíduos plásticos no mundo são realmente reciclados, no Brasil a estatística é ainda menor, apenas 1,3% tem seu ciclo de vida renovado segundo estudo da Ong estadunidense Center for Climate Integrity. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) aponta que 85% do lixo dos oceanos é plástico, essa quantidade pode triplicar até 2040 se medidas não forem tomadas.
Com a BR4 em ação, temos uma solução promissora para reduzir esse montante de lixo plástico, transformando-o em um bioplástico de alta qualidade que é biodegradável. Ou seja, menos poluição e mais sustentabilidade!
Marcas que se comprometem com a destinação e reciclagem correta de seus resíduos estão qualificadas para certificação Zero Resíduo, permitindo que nós, consumidores e também investidores, saibamos o valor e reconhecimento de um processo de descarte ecológico. Mas é o processo de produção? Outra alternativa para contribuir com o problema é sempre optar por produtos que tenham materiais biodegradáveis e uma economia circular em sua cadeia de produção, qualificando-se para a certificação Ecoproduto da Gaia Certificadora Ambiental.
E agora, o que vem pela frente?
Embora a descoberta seja animadora, os pesquisadores destacam que ainda há um caminho a percorrer. É necessário validar essas descobertas em condições ambientais reais e otimizar o desempenho da BR4. Além disso, estão explorando formas de aprimorar enzimas e microrganismos para degradar plásticos ainda mais resistentes que o PET.
Estamos todos cientes da gravidade desse problema e da necessidade de desenvolver tecnologias e soluções inovadores para produtos e serviços que não agravem questões que já estão em alerta vermelho, como a produção de plástico e emissão de Gases de Efeito Estufa.
Então, da próxima vez que você ver uma garrafa PET jogada por aí, lembre-se da BR4, nossa titã microscópica que está pronta para transformar o problema do plástico em uma solução sustentável. E quem sabe, num futuro próximo, essa tecnologia esteja presente no nosso dia a dia, tornando o mundo um lugar mais limpo e verde. 🌱
Fontes: CNN Brasil, Revista Galileu
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